"Tinha usado a linguagem como um animal, ele tinha renunciado à sua cabeça, renunciado a ser, pela língua, o mestre das coisas. Ele tinha proibido a si mesmo nomear o que quer que fosse. Para ir às coisas, para descer, ver mais baixo. Ele tinha aceitado ver coisas sem ter palavras para designá-las. Tinha renunciado a nomear. Até que todos os objetos em frente estivessem a igual distância, sem inteligência, sem apreensão, sem compreensão, sem ação possível. O mundo lhe era incompreensível porque ele havia renunciado a nomeá-lo, a segurá-lo na sua mão. Ele ofereceu sua língua às coisas. Ele não fazia mais diferença entre o mundo e seu pensamento. Ele estava rodeado de objetos interiores e lugar algum no mundo; ele estava inteiramente fora."
Valère Novarina
in "O teatro dos ouvidos"
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