domingo, 26 de dezembro de 2010

Já não sou um quarto vazio

Habitam-me todo o tipo de antíteses e leves desesperos. Desacordo minhas velhas reentrâncias. Debruço esperanças sobre o parapeito, quero olhar pra baixo, mas é alto daqui e não vejo o fim.

Sou agora um labirinto penetrado por visitantes que deixei entrar. Deixei que me aparassem as arestas, a fim de abrir-lhes os caminhos. Entram pelas brechas frágeis, carregadas de febre e loucura, quebram todo o meu antigo desamor em pequenos cacos, a rasgar-me a pele . Desabam minhas mentiras construídas de concreto pelo chão. Desnudam-me em verso e prosa.

E no fim, esse fim que já nem existe, que não pode ser meu, meu, meu, teu, teu, nosso, esse fim que não tem nome, acabando sem acabar, já não sou uma casa vazia, desabitada, não mais destenho. Tenho agora meus cômodos preenchidos e uma mão para segurar.

[Amanda Leal]

Texto de uma amiga minha do Pé no Palco, que inspirada em nosso Parapeito escreveu este texto.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Impressões

Meus queridos,
Foi lindo estar com vocês este ano.
Obrigado a todos.
Amo muito.
Dani.

IMPressões


"
Equilibrar-se
Sobre
Precipícios
Enquanto
Toca-se a
Alma
Com
Uma
Liberdade: a
Originalidade

Mari, no feedback/PARAPEITO talvez eu possa não ter me feito claro quando,
usei a palavra espetéculo. mas o sentido que me veio é esse daí de cima.
Tentei colocar isso no blog IMP mas, não soube como faze-lo e nem sei se é possivel
para um "de fora".
Gostaria que vc encaminhasse essa síntese aí de cima ao blog como uma impressão
de um espectador que admira muito as propostas desenvolvidas por essa galera cheia
de talentos , e que eu gosto... "

Silvio Menezes da Silva

___________

Meu pai escreveu-me isso e, como viram, pediu para que eu postasse como forma de parabenizar-nos pelo nosso trabalho. Bem, aí está.
Foi lindão gente!
Obrigada a todos, por tudo. Amo vocês.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Minha Janela

O vento sopra indiferente,

O vidro tremula o vazio entre si e seus limites

Apenas a ausência.

E os espaços incompletos se tornam sons e movimentos

Mas se vê o silencio,

ecoando na essência de tudo que é

E se vê o tempo,

escrevendo com pó sua impaciência sobre os móveis

E a luz que reflete as cores, brilha por falta de opção

E tudo que se afirma, é sim por não poder ser não

Tem certas manhãs que eu preferia não estar aqui

E certas noites, se não fosse por você eu me deixaria até cair

Não que seja especial

Não que te considere real

Mas o vazio do teu silêncio, muitas vezes me conforta

E ainda que te esqueça, me levanto e fecho a porta

O lado de dentro, o lado de fora,

Eu sei, depende só de mim

E se eu fosse algo assim, não me permitiria abrir

Ao olhar pra você, E olhar o espelho

E olhar o reflexo, E ver o que vejo

Me perco em tantas incompletudes

E duvido que haja alguma maneira,

se somos todos feitos de nada

Porque no fim nos tornamos poeira?

A mesma que cai

Sem saber se ja chegou

Sem saber se é ou se deixou

Sem saber que sou igual e me pergunto

Pela janela do quarto, o outro lado

Pela janela da alma, o que não falo.


Escrito por: Israel Barros

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LAB_07 - parapeito

LAB_07

O LAB_ é um
encontro que caracteriza o encerramento de cada módulo do “IMP – Investigação do Movimento Particular” (núcleo de pesquisa em dança do Vila Arte). Este encontro tem, em primeiro lugar, o desejo de proporcionar ao artista um momento de compartilhamento de seus processos de criação e um lugar de transformação e experiência acerca do corpo e suas interfaces. Tem também como objetivo aproximar artista e público, possibilitando uma reflexão a respeito das configurações investigadas por cada participante do núcleo e estimulando o exercício do feedback.


parapeito

Em outubro de 2010 foi dada a largada de mais um processo colaborativo de criação em dança do IMP. Após alguns encontros realizando exercícios de criação (compositions) a partir dos interesses de pesquisa de cada integrante do núcleo, chegamos finalmente a nossa temática comum de investigação: as janelas. As próprias janelas e tudo o que pode acontecer dentro e fora delas. Os moradores, os transeuntes, as relações, os conflitos, as histórias, a arquitetura, a ausência, os edifícios, o espaço entre edifícios e assim por diante. O livro A morada do ser, de Marina Colasanti, foi também grande fonte de pesquisa e inspiração à criação deste trabalho. Assim como os contos de Marina, parapeito é uma forma de olhar pelo buraco da fechadura e de se aproximar de universos particulares e aparentemente intangíveis.

Orientação: Juliana Adur
Artistas Criadores: Alexandre Zampier, Daniel Kleiber, Douglas Sartori, Gabriel Conte, Gabriel Machado, Jossane Ferraz, Juliana.Kis, Mariana Mello, Maíra Lour, Sarah Rosenkrantz e Thaísa Marques.

11 e 12 de dezembro de 2010 às 19h
ENTRADA FRANCA

Vila Arte Espaço de Dança
Rua Saldanha Marinho, 76 - sala 03 - centro
Informações: begin_of_the_skype_highlighting (41) 3233-8034 / 9992-5140
juliana.adur@hotmail.com
(41) 3233-8034

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dois homens na janela

Dani e Gab Conte.
Inspiração primeira para a nossa janela foi o seguinte apartamento de Marina:

Apt° 601

Não tolerava invasões do seu espaço. Tinha sua poltrona, sua mesinha, sua luz. Que ninguém se aproximasse quando ali se encastelava.

Mas a mulher teimava em atravessar por cima de seus pés, os filhos insistiam em procurar-lhe o colo.

Advertiu-os com um biombo, divisória entre o que era seu e o que era comum. Porém, os sons invadiam sua privacidade e a televisão varava treliças.

Substituiu o biombo por um muro, construção maciça alcançando o teto. Aferrolhou a porta que franqueava o muro.

Batia à porta a mulher chamando para o telefone. Batiam os filhos pedindo dinheiro. A empregada batia.

Durante semanas escavou o fosso, durante semanas carregou água. A ponte foi mais rápida. Depois de dias de pregos e martelo, bastou puxar a corda para que, num ranger de polias, se erguesse intransponível.


Dançamos o isolamento, de um homem... ou dois, ou três.

Do arejado ao sufocado.

Num ambiente hostil desenvolve-se a crise. A fisicalidade ganha tônus num duo espelhado.

Reconhecimento do entorno e do desgosto.

O espaço se comprime e aperta as reflexões.

Um homem que se encontra consigo mesmo - quando não há mais para onde ir, para onde ir?


Em construção.

impressões sobre movimento

dois tipos de corpos, os mais flexíveis e os não tão flexíveis. falarei destes dois tipos de corpos, mesmo sabendo da quantidade variável de qualidade de corpos.


um corpo sozinho, flexível, acessa a possibilidade do acaso com mais ligeireza, tem uma resposta orgânica mais rápida ao momento, à adaptação. um corpo que se conhece.
acredito que dois ou mais corpos flexíveis possam multiplicar as possibilidades, os acasos, abrir as situações, corpos que se surpreendem. corpos que se conhecem e se reconhecem no outro, abrindo possibilidades.
mas, ao mesmo tempo corpos duros, que se fixam, se moldam, programam o que ainda não aconteceu, se confundem e não confluem na fluidez do acaso, ao invés da adaptação são geradas perguntas "como será?", "será que posso?" ou "será que o outro vai gostar?".
corpos inteligentes são os que moldam sua "energia" de acordo com a situação e a potencializam.
conhecer a si mesmo é abrir portas para a adaptação, sem rancores, sem pré-conceitos.


formas desconstruidas, geram muitos mais formas.

"não esqueça de tirar a luva"


movimento a partir do centro do corpo
na união dos dois corpos
consciente
seu movimento me traz sensação
o movimento movimentando meu corpo
quadril
braços longos 
agarramento
uma ajeitada de perna feminina
o giro, a alegria
homem e mulher se consomem
expostos
na janela