quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dois homens na janela

Dani e Gab Conte.
Inspiração primeira para a nossa janela foi o seguinte apartamento de Marina:

Apt° 601

Não tolerava invasões do seu espaço. Tinha sua poltrona, sua mesinha, sua luz. Que ninguém se aproximasse quando ali se encastelava.

Mas a mulher teimava em atravessar por cima de seus pés, os filhos insistiam em procurar-lhe o colo.

Advertiu-os com um biombo, divisória entre o que era seu e o que era comum. Porém, os sons invadiam sua privacidade e a televisão varava treliças.

Substituiu o biombo por um muro, construção maciça alcançando o teto. Aferrolhou a porta que franqueava o muro.

Batia à porta a mulher chamando para o telefone. Batiam os filhos pedindo dinheiro. A empregada batia.

Durante semanas escavou o fosso, durante semanas carregou água. A ponte foi mais rápida. Depois de dias de pregos e martelo, bastou puxar a corda para que, num ranger de polias, se erguesse intransponível.


Dançamos o isolamento, de um homem... ou dois, ou três.

Do arejado ao sufocado.

Num ambiente hostil desenvolve-se a crise. A fisicalidade ganha tônus num duo espelhado.

Reconhecimento do entorno e do desgosto.

O espaço se comprime e aperta as reflexões.

Um homem que se encontra consigo mesmo - quando não há mais para onde ir, para onde ir?


Em construção.

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