segunda-feira, 21 de junho de 2010

movimento


retrato que retumba
vai e volta
é dia após dia
é coisa viva
morre toda hora

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Divagações I


Independente do que pareça, esse trabalho é íntimo, é sensível e é também, interno.

Muito do que externalizo nasce aqui dentro. Ou já nasceu e habita em mim há tempos e terras esquecidamente percorridos.

As sensações que suas retratações me causam são apenas minhas. O modo como transbordo-as é apenas meu. E tudo isso é tão particular quanto o próprio desenho. Por mais que outras pessoas se reconheçam, aí também nada é igual. O movimento de reconhecer-se acontece, também, de forma única e diferente em cada indivíduo.

Seus retratos me causam. Como isso poderia ser senão pelas percepções que me reavivam e me recordam?

Identificar-me em ti é um identificar-me em mim. É um constante autodescobrimento, um constante re-memorar, um constante re-descobrir.

É um trabalho de subjetivação.
O teu subjetivo desperta o meu, construído em bases nem sempre palpáveis, nem sempre agradáveis, nem sempre firmes, resolutas ou bem estruturadas.
Não é possível excluir desse entendimento minha própria visão de mundo, minha história, meu mundo.
São mundos trans e intransitáveis, porém coexistem. Assim como milhares de outros, que seguem, no caos, e às vezes se reconhecem.
Subjetivo é o caminho que interliga-os, é a ponte que os corresponde.

Por mais que o interno não existisse, como não ser autobiográfico apenas pelo corpo?

Esse corpo que me acompanha desde sempre...
Um corpo de rastros.
Rastros de existências e instantes. Um corpo marcado pelos meus instantes.
O corpo é memória - a memória mais forte e mais inexplorada que possuímos. O corpo é uma série de mecanismos e relações tão complexos que todo estímulo ou referência externa o modifica. E, por isso, ele é memória. Porque ele é o registro físico de tudo por que passamos. Porque tudo interfere nele. E, memória inexplorada por não tomarmos (e nem ser possível tomarmos) conhecimento de tudo o que ele já absorveu e ainda absorve.
Esse corpo conta sobre mim. Conta, pela minha torteza, meu hábito de posturas inadequadas. Conta instantes forjados na infância em que eu brincava brincava brincava até me machucar, pois tem, até hoje, esses cortes e ferimentos memoriados na pele. Conta, até, aonde mais me incomodava a catapora. Conta, conta, conta . . .

E se o corpo, por si só, já é a materialização da história de uma vida, como não a ser, em potencial, o movimento?

Eu sou meu movimento e meu movimento sou eu. A dança é, na verdade, uma dança de si mesmo. Pois eu danço, justamente, meu modo de ver o mundo, de enxergar as coisas e me relacionar comigo e com o outro.
Meu movimento é minha necessidade de pausas, meus momentos de interioridade, minhas explosões como que para me libertar, minha densidade e minha força, minha tensão e meu mostrar que acredito, que quero, que me dói e me alegra a existência.
Minha dança é tudo isso, meu movimento é, minha vida é, eu sou.

E aí, não importa se há um tema, uma sequência, uma ordem, uma regra. A dança será sempre minha.

E será sempre biográfica.

E me lembrará - e me lembra sempre - meu pensar, meus silêncios e minha coisa de pouco falar.

Pronto.

Falei.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rua

Iza, estava passeando por ai na internet, e achei um video bem MAASSA da Cia dança 4...

tem dois...


um é o espetáculo Passeios e o outro é os extras...


Achei que poderia inspirar a tua galera hehhe...


Deleite-se!


http://www.youtube.com/watch?v=kvIIWr0SKcc&feature=player_embedded


http://www.youtube.com/watch?v=9p5UIJrh0KU&feature=player_embedded



“Passeios não são coreografias, são eventos de interferência estética na vida pública.

Usando a técnica do contato improvisação, o pensamento coreográfico da Companhia focaliza na singularidade de cada corpo, a base para construção de suas estruturas cênicas.

Improvisar propondo ao corpo o desafio ininterrupto de buscar ajustes adaptativos com seu espaço circundante. Buscando sempre novas qualidades de gestos, intenções, movimentos, sensações que mobilizem improvisador e público a interferir no cotidiano coletivo.

Passeios instiga a curiosidade de investigar, reabilitando o lugar comum.

Tratados como um mesmo outro corpo, espaço/iluminação/trilha sonora operam como estímulo para pequenas histórias de vida, encontros, relações criadas e percebidas. A improvisação capta e formula - simultaneamente - o estado, a percepção do momento: a cada vez, um novo espetáculo se constrói.

Nesta proposta, o risco e o imprevisto tornam-se fatores organizativos; e o espectador é requisitado a reconhecer-se como co-autor dos eventos que assiste.

Ao propor o espaço público como palco de seus espetáculos, a Cia Nova Dança 4 faz de sua ação artística uma escolha de participação civil na sociedade, revitalizando o caráter ético-político, implicado em toda formulação estética.”

quarta-feira, 9 de junho de 2010

...se não vai fechar o abacaxi!

enquanto meu corpo se recupera do movimento de ontem
liberando através da pele o que não sai pela garganta
voar
conseguir ser tudo o que quero
estar consciente mas não tão correta
desejos, aaaaaa quantos
tempo
pouco e se desenrola agora
espaço
tudo, não dá tempo
movimento
cerco com e mostro no espaço o tempo que ainda tenho

terça-feira, 1 de junho de 2010

porque é da qualidade do movimento morrer a cada vez que nasce

noite 6

nesse processo de retratação atraves de tintas e papel me lanço como na dança. partir para um movimento é renunciar outro, retratar atravez de uma cor é se movimentar temporalmente nas sensações, não há volta, tenho somente o agora-pós-agora, meus movimentos se transformam em cores e traços. retratar forças e vontades que estão no meu corpo é como um corpo que mex3 o espaço e eu, agora, mexo o branco do papel, alguns dias com mais pontecial que outros. estou nascendo a cada tentativa e esta tomada de consciencia dum ciclo (tentado) de espontaniedade e consciencia, espontaniedade e consciencia, me caminha. algumas vezes não entendo os meus movimentos, mas outras, sinto a incapacidade feliz de entender o que é estar vivo, ai meu filho, ai eu não durmo, bem.

Minha ventania hoje está mais pra furacão.