sábado, 25 de junho de 2011

Palavras Bregas

Hoje eu resolvi soltar minhas palavras escondidas. Porque eu falo freneticamente por medo de falar a verdade. Por medo de falar algumas das minhas palavras silenciosas e calmas. Essas que eu guardo. Que ficam aqui, Entaladas. Eu tenho muito medo e receio em te dize-las, medo de que você não me compreenda, medo de parecer piegas, medo de mostrar a minha puerilidade e fragilidade. Medo.

Mas hoje eu fiz uma playlist bagaceira e resolvi me deixar ser brega. Aguarde-me.

♫ Não posso imaginar o que vai ser de mim...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

V A Z I O




Gostaria de compartilha algumas idéias e textos que estão permeando o trabalho meu eu da Juzinha sobre o tema Vazio para o LAb_08:

*Primeira imagem que apareceu no Processo.



Nós encontramos um texto que fez e faz muito sentido para a nossa busca do que é desse tema tão gigante. Segue um trecho do texto de Rubem Alves O vazio :


Parece óbvio que o cheio vale mais que o vazio... Mas será mesmo? [...] Vocês gostam de refrigerante. Querem pôr o refrigerante no copo. Mas para se pôr o refrigerante no copo é preciso que o copo esteja vazio. Um copo é um vazio cercado de vidro por todos os lados, menos o de cima. [...] Para se fazer um bolo a gente procura a receita num livro de receitas. A primeira coisa que aparece numa receita são os “ingredientes“: farinha, ovos, [...] Mas eu nunca vi, em livro de receitas, explicado que se não se misturar uma pitada de vazio com os ingredientes, o bolo não fica bom. Fica “embatumado“, pesado, ruim. [...] A casa também é um vazio cercado de paredes. Para isso servem as paredes: para pegar o vazio e permitir que ele seja usado. Os arquitetos e arquitetas são os artistas que sabem a arte de pegar vazios por meio de paredes. E as janelas? Também são vazios. Buracos. Já imaginaram uma casa sem janelas? Seria horrível viver numa casa sem janelas. [...]. É o vazio entre os meus olhos e o jardim que me permite ver o jardim. É o vazio chamado “silêncio“ que me permite ouvir a música. E o espelho? Para ser bom, para refletir o seu rosto, é preciso que seja vazio.

[...] a roça é o lugar onde o vazio é grande. A cidade é o lugar onde o vazio é pequeno.“ Na cidade a gente olha para fora e os olhos logo batem num edifício, num muro, nos automóveis. Na cidade a gente vê curto. Na roça, porque o vazio é grande, os olhos vêem longe, muito longe: os campos, as matas, as montanhas no horizonte, o sol que morre, a lua que nasce, as estrelas... Que coisa bonita é ver a cortina branca da chuva que vai chegando... Quando o vazio é grande o mundo cresce. Coisa que eu gostava de fazer quando menino: deitar no capim e ficar vendo as nuvens.[...]

A vida precisa do vazio: a lagarta dorme num vazio chamado casulo até se transformar em borboleta. A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida. Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito. E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um vazio dentro delas. A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio. Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar. [...] Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar. A essas pessoas é fácil amar. Elas estão cheias de vazio.
E é no vazio da distância que vive a saudade...

A roça é o lugar onde o vazio é grande. O vazio grande da roça, com seus espaços e silêncios, é o colo da natureza, nossa mãe de onde saímos e para onde haveremos de voltar... Assentados no colo da mãe o medo se vai e tudo fica bom. A cidade é o cheio. A roça é o vazio. Tenho saudade do vazio da roça...


Então, estavamos com esse texto e queriamos trabalhar os dois "vazios", campo e cidade, grande e pequeno, mas resolvemos afunilar as idéias. Ficamos com o vazio da cidade e a busca de cada um.


Está entre as árvores e as folhas de papel em branco. No vento, no ar e nos espaços vazios do meu corpo. É essa eterna busca. Como preencher? Como completar? Há muito que desvendar. O que é meu, o que é teu e o que pode ser nosso. Preciso de você, estar em contato com você. Só assim algum significado de tudo aquilo que sinto, desejo e penso pode fazer sentido.


É isso,


Bjos até sexta!





sexta-feira, 17 de junho de 2011

 Escrever é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de "memória", como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é carne viva. 
Clarice Lispector, linda.

sábado, 4 de junho de 2011

For: Juuuuuuuuuuu Adur!

Ju,
Tarefa de casa:

1. Melhoramento do vídeo - Pensamos e desenvolvemos melhor suas observações.
tarefa OK

2. Presença: Aquecemos o corpo, a relação, os trabalhos, movimentos,
as amizades, a confiança, o IMP!
Ah, o Gab foi ótimo! Muito bom!
tarefa OK

3. Compromisso: Estivemos juntos na quarta no barracão da FAP,
em outros dias mesmo sem todos, na sexta pela manhã, amanhã (domingo)
no Improvisso do MOM e claro parceladamente na sua peça com a Súbita.
tarefa OK

4. Continuidade: Durante a semana nos encontraremos para
editar o vídeo. Para também um pouco praticar a nossa convivência.
tarefa OK

5. Resultado: Foi uma delícia me sentir mais próxima de pessoas
que gosto e compartilho tanto de mim na minha dança.
Muitas impressões a mais junto com as tantas que tenho, ficaram
no meu corpo em um pedaço da minha vida que divido todas as sextas.
Todas as sextas, essas mesmas sextas, minha dança, meu tempo, minha mente,
coração, é acariciado com doses cavalares ou homeopáticas de ACREDITAR!
tarefa OK

6. Obs: Continuo e nunca esqueço da procura da minha intereza.

7. Beijos

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O corpo

Eu me consumi e não me acabei. Eu quis me explusar e me tranquei mais fundo. Ainda resta algo que não foi varrido, vasculhado, amansado. O corpo!

O corpo não pode ser compreendido a não ser por outro corpo. Não pode ser julgado a não ser por outro corpo.
Um corpo é o acréscimo do que se viu na infância. A memória perdoa, o corpo não. A memória esquece, o corpo incrimina.
O corpo tem a vidência do erro, a espessura do erro, a devoção de uma chuva. Arregaça as águas como uma blusa. O corpo é a suspeita do mar. Assimila o que ainda não foi dito.
O corpo é vento civilizado!
O corpo é uma solidão nomeada.
Aprende-se a falar o corpo como os pássaros caminham.
O homem é que devia mudar sua direção para o pássaro andar na rua.
O pássaro é fundo como um sapato na janela. O corpo é fundo como a terra que começa na árvore.
Há aves que somente se acordam no meio do vôo - o corpo é uma delas. O corpo soletra. O corpo acredita naquilo que não aconteceu.
O corpo é um barco sem pulmão, o atentado da distração, uma atenção desatenta.
O corpo vive o que nele morre - é o ultimo a descobrir e o primeiro a desconfiar. Não atravesso o corpo, apenas o contorno. O corpo é uma casa desarrumada para mostrar intimidade.
O corpo é contemporâneo de suas dores, sobrevivente dos seus ganhos. Aluz jejua no corpo. O corpo não é redondo como uma ilha, é redondo como uma cerração.
O corpo dança pra se contradizer.
[Carpinejar]

Imagens bonitas para essa semana que termina.

=D