segunda-feira, 26 de março de 2012

fado + helena katz =

No nosso último encontro, nos nossos últimos 3 minutos, coloquei uma música da fadista que eu muito amo e admiro Mafalda Arnault. Qual não foi a minha surpresa, prestando atenção à letra da música, que ela nos dizia nas entrelinhas aquilo que buscávamos a cada palavra dançada no exercício proposto:

"Tu que nasces e renasces, sempre que algo morre em ti"

Fico a pensar sobre a necessidade de se permitir morrer um pouco para que algo novo nasça (ou renasça). E da nossa capacidade inesgótável de voltar a ser.
A Helena Katz fala no seu livro "UM, DOIS, TRÊS, a dança é o pensamento do corpo" que:

"é da qualidade do movimento morrer a cada vez que nasce"

é como a respiração. morrer e nascer e morrer e nascer. contração e expansão. pulsão.

sábado, 24 de março de 2012

Por que você esta escrevendo isso?- Estou experimentando minha sensibilidade.

Há momentos que sinto ser rei absoluto de minha existência. Tem dias que o rato roeu minha roupa e não sobrou nada além da vergonha.Há dias de Chico que me dói por calar. Há dias de Stoklos que peço transformação. Há dias que só caminho. Há dias que danço enquanto atravesso a rua. Há dias que observo as formigas trabalhando e me emociono. Há dias que os raios do sol atravessam o céu com linhas inexplicáveis. Há dias que choro por qualquer coisinha, hoje, choro escrevendo essa frase. Viu só? Há dias que há tantos dias pela frente que penso em desistência. E desisto de desistir por que é pensamento comum. Coitado de quem pensa em ser fraco. Sou forte. Há dias que afirmo ser um puro clichê de mim. E penso: Sou bonito. Então danço torto e distraído pelas avenidas com o sol queimando minha pele, e pés ardentes de asfalto, de peso, de dor, quentes. O importante mesmo é dançar e contemplar cada minúscula ponta de vida. Hoje manifesto: Escrevo asneiras e a poesia me escapa do grafite. Pois que seja uma asneira sincera! Dedico para quem me lê um pedaço do meu sonho. Sonho: Esqueci. Se ofereço esquecimento é por que as vezes não lembro de existir.( Quando danço nas avenidas que atravesso - e toda travessia é um choque de reflexão - as mãos conduzem um movimento esquisito, cheio de dor.) 


sexta-feira, 16 de março de 2012

olá queridx imp !
antes de tudo, peço desculpas pela minha longa ausência e não ter cumprido a minha promessa sobre escrever a respeito da residência ..

Bom, pra quem não sabe , desde o dia 5 de março estou em são paulo participando do LOTE#1, projeto de dança que escolheu colaboradores para participarem de diferentes laboratórios com diferentes artistas interlocutores.
A minha residência está sendo com a Paz Rojo, artista española : http://um.lote24hs.net/interventores/paz-rojo/

vou passar algumas anotações que fiz durante os dias:

" ... ( A Paz ) Tem contado a crise que a europa , e madri em si está sofrendo. Falou do sistema em si , da democracia, da questão de " existimos o no ?"
que somos " una materia humana dispersa , arrojada al capitalismo"
está o tempo todo relacionando a arte e nossa maneira de criar , ao sistema .
" la cuestión de la inutilidad: el estado no garantiza mi existencia, me hace inutil."
contou sobre um artigo que uma mulher escreveu a respeito de umas crianças que se machucavam. Elas se faziam feridas e mostravam " olha, fui eu que fiz " .. elas faziam as feridas e não deixavam que cicatrizassem, abriam-as, mostrando " olha, eu que fiz"...
Ela disse assim , a Paz : las heridas abiertas, una manera de probar que existimos. que existimos por cuenta propia. ( ... ) para que el cuerpo, permanentemente, me avise que existo. ( retomando a questão: El estado No Garantiza mi existencia )


" cuando entramos en crisis, es que ya no nos creemos lo que nos dice el sistema (el estado,sociedad,gente,midia).Te enfermas .... Entonces dicen que te curan ( el estado,sociedad, gente, mídia), pero en realidad te vuelves a creerlo todo . "

O seu foco no trabalho, agora, é nos mostrar como a gente está condicionado a pensar no futuro, de como a gente pensa no movimento para "fazer-lo-ei" em vez de FAZER e que o presente seja o meu presente e não o futuro.
entra a questão do capitalismo, de que temos que nos projetar, pensando em nossa utilidade futuramente, fazer uma faculdade pensando em como poderemos trabalhar, em como teremos um cargo a exercer, uma função na sociedade, um futuro. TER UM FUTURO, FUTURO . ( essa ideia a relacionei hoje, quando fiquei pensando )

Deu como referência um livro do Deleuze, "Lógica de la Sensación. Francis Bacon " e apontou alguns tópicos nele que eu anotei da seguinte forma:
" Como cancelar el " proyectarse", como entrar en una dinamica sensitiva con la acción de pintar .. ( em nosso caso, a ação de mover) "
La sensación es lo contrário de lo fácil y de lo acabado. Es inmediata, no explica, no inplica, y eso es el acontecimiento.
- No hay nada que hacer, futuro que contar, no hay nada que proyectar ... Envolver la cosa , y que ella nos envuelva."

Pensei muito nisso, acho que sim , estamos condicionados em não aproveitar o AGORA em sua maneira verdadeira. "


( preciso interromper aqui .. continuo daqui a pouco .. PROBLEMAS ! )