quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A pálida


No café-da-manhã, minhas certezas servem-se de dúvidas. E têm dias em que me sinto estrangeiro em Montevidéu e em qualquer outra parte. Nesses dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é o meu lugar e não consigo me reconhecer em nada, em ninguém. As palavras não se parecem àquilo que dão nome, e não se parecem nem mesmo ao seu pŕoprio som. Então não estou onde estou. Deixo meu corpo e saio, para longe, para lugar nenhum, e não quero estar com ninguém, nem mesmo comigo, e não tenho, nem quero ter, nome algum: então perco a vontade de me chamar ou de ser chamado.


Esse texto é do meu querido Livro dos Abraços, do Eduardo Galeano. E, de alguma forma, ele me remete muito à esses estados-espaços de silêncio, vazio, ausência. Deleitem-se!

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