sábado, 27 de novembro de 2010
Sobre a janela 2
Sobre a janela 1
domingo, 21 de novembro de 2010
portas e janelas
com outros corpos
desarmar o olhar do espaco
são brincadeiras diarias
no onibus, na porta de casa
de porta e janela abertas
para que o vento esteja sempre em movimento dentro casa
dentro de mim
domingo, 14 de novembro de 2010
Coisas
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Parapeito
Então minha gente.
Venho dividir com vocês um pouco do que estou pensando.
Durante os nosso exercícios essa palavra tem vindo muito na minha cabeça.
E resolvi ir atrás dela:
Definição:
“Parapeito (do italiano parapeitto) é uma espécie de parede como barreira, que se ergue até a altura do peito, situado à extremidade de um telhado ou edifício. Pode servir para prevenir quedas não desejadas, e ainda ter funções defensivas, de construção ou estilo arquitetônico.
Também chama-se parapeito ou peitoril à parte inferior das janelas, de madeira ou outro material, onde se debruça. Em linguagem militar, o parapeito é a parte superior das trincheiras, que serve para proteção dos soldados.”
Não satisfeito com tudo isso fui vasculhando o Google e encontrei um livro que se chama No parapeito de uma menina chamada Rita Ferro Rodrigues.
Ela tinha um blog e o livro surgiu dai:
Editado A partir do blog que fez sucesso na internet, um livro, No Parapeito: as palavras que ficam suspensas nas janelas, fala das coisas Simples da felicidade.
A história de abertura que dá o título ao livro é um texto de homenagem aos seus avós. Durante anos namoraram à janela, e para manterem a intimidade das palavras e os segredos dos amantes, falavam no silencio: escreviam frases inteiras no ar, desenhando todas as letras que são necessárias para dizer tudo o que se sente quando se ama. Assim foi durante muitos anos. Aquele amor cresceu naquela janela e com ele o desejo de casar..
Olhem ai, coisas que encontrei da moça:
Fui escorregando por ti adentro, devagarinho. Tacteando à medida que ia entrando em ti, com cuidado. Tinham-me dito que isso de um homem e uma mulher sentirem um pelo outro (apenas?) uma amizade profunda era luta perdida
A vida vai-me passando ao lado. Desta janela parada em que a observo é doloroso ver outros parapeitos irrequietos e, asseguro-vos, demasiado irreverentes. Urge dar valor à vida
Será que ela repara, que o tempo não anda mais?
Será que ela repara, que o sol não gira mais?
Será que ela repara, que meu peito para?
Disso me deu a súbita vontade de dançar com a Sarah, que gentilmente aceito o convite e estamos começando a explorar essas ideias.
E como nem tudo são flores na vida de um casal, porque de vez enquando vem a guerra... ainda tem um conto da Marina Colasanti que está nos inspirando para fazer o desentendimento (ou pode ser o não intendimento) do casal:
Apto 503:
Chegando em casa do trabalho, boa-noite, um vago beijo, e os movimento sempre reiniciados.
Porém não aquela noite. Depois do cumprimento, em vez do beijo, recebeu da mulher uma luz de incompreensão:
-Wrts? - Perguntou ela. Ou assim lhe pareceu.
Impressão de ter ouvido mal. Repetição de tudo. E de repente a vertigem do espanto. Sim, as palavras de tantos anos não eram mais veículo. Falavam línguas estranhas. Ainda insistiram, esperando. Mas os sons que articulava nada significavam para o outro. E esbarraram no silêncio.
Quietos na casa pela primeira vez.
Procuraram-se pelos olhos. Ensaiaram gestos. Aos poucos, um entendimento distante se fazia, substituindo conversas.
A casa vestiu outra rotina. Cediam o passo diante da geladeira, entretinham-se em silêncio ocupados em si, já não brigavam. Encontravam-se à noite reconhecendo gemidos, e no espaço aberto pelo não falar moviam-se fáceis.
Mas um dia, voltando da rua, ela o cumprimentou com o antiga naturalidade. Boa noite, e estendeu o rosto para o beijo.
Vencendo rápido o susto, ele imprimiu no rosto luz de incompreensão e :
- Wrts? - respondeu
E para quem puder entre no blog http://sorriso-do-bisturi.blogspot.com/ para conhecer um pouco mais da R.F.R.
"Queria amar, assim como quem lava os cabelos de uma mulher.
A mulher deitada na banheira e minhas mãos encaracolando espuma, friccionando a pele com a ponta dos dedos.
Desamarrar um por um dos cílios.
A cabeça dela para trás, os olhos fechados à espera.
Pode tentar, é como cumprimentar a relva logo cedo.
Antes de morar com uma mulher deve-se lavar seus cabelos.
Levar a dor de cabeça dela para longe.
Depois apertar levemente a esponja das sobrancelhas para completar o rosto.
Não exagerar a chuva com os relâmpagos.
Não exagerar a chuva com o vento.
Correr com a ligeireza da água pelos ombros.
Para amar, basta seguir a água.
Não se precisa de mais nada.
Basta imitar a água."
Fabrício Carpinejar
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Estrela cadente no céu da cidade
Movem -se nos quartos, banheiros, salas e cozinhas, geometricamente superpostos, abelhas de um estranho alveário em que cada alvéolo ignora o vizinho. Ninguém chega à janela. As televisões estão ligadas.
Assim mesmo, muitos ouvem quando um acrobata de malha prateada despenca com um grito no meio do pátio.
Reunidos em espanto ao redor da rara estrela ensanguentada que ilumina o cimento, alguns levantam a cabeça. Só então percebem o fio esticado no alto, caminho improvável entre dois prédios, risco de faca cortando o céu que escurece.
Marina Colasanti - Contos de Amor Rasgados.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Minha Janela
Vejo a rua parada e o som do silêncio inquietante.
Da janela do meu quarto eu vejo todas as cores dos sentimentos.
O azul de quando tudo está na mais perfeita harmonia.
O amarelo rico que te ilude e fascina.
O branco da paz interna radiante.
O vermelho da paixão ardente dentro do meu corpo.
O preto do ódio de estar sentindo ódio.
O rosa do amor mais lindo e puro que já existiu.
Consigo ouvir o silêncio e sentir a brisa leve no meu rosto.
Ali, eu vejo além da janela do meu quarto.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Ofélia
Na janela, entre olhares encharcados, Gabriel e Mariana dividem suas vidas (e conseqüentemente bailam suas ausências) com Ofélias, Stellas, Marinas, Virginias e Clarissas.
Não se sabe muito bem como se dá essa troca de olhares, mas uma coisa é certa, todos que estão, pra cá e pra lá do vidro, estão alagados, encharcados, afogados, mergulhados em um amor incondicional que dilacera-os.
(Sobre processo Criativo Janelas- Parceria Gabriel Machado e Mariana Mello)
Referenciais:
Heiner Muller - Hamlet-Machine
(Ofélia. O seu coração é um relógio)
Eu sou Ofélia. Aquela que o rio não conservou. A mulher na forca. A mulher com as veias cortadas. A mulher com excesso de dose SOBRE OS LÁBIOS NEVE a mulher com a cabeça no fogão a gás. Ontem deixei de me matar. Estou com só com meus seios, minhas coxas, meu ventre. Rebento os instrumentos do meu cativeiro - a cadeira, a mesa, a cama. Destruo o campo de batalha que foi o meu lar. Escancaro as portas para que o vento posso entrar e o grito do mundo. Despedaço a janela. Com as mãos sangrando rasgo as fotografias dos homens que amei e que se serviram de mim na cama, mesa, na cadeira, no chão. Toco fogo na minha prisão. Atiro minhas roupas ao fogo. Exumo do meu peito o relógio que era o meu coração.Vou para rua, vestida em meu sangue.
Marina Colassanti- A Morada do Ser - Conto "Apto 204"
Trecho Final:
Ao entardecer brilha seco o sinteco. Mas do umbigo, fresca e clara, água brota alagando o ventre, lavando as carnes brancas sobre a cama.
Banda Interpol - Albúm "Our Love to Admire"
Músicas no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=6HC95n5y33I
http://www.youtube.com/watch?v=mq_S2vy0qwc
letra de "Stella was a diver and she was always down"
http://letras.terra.com.br/interpol/97173/traducao.html
Iconografia:
- Ophelia de Everett Millais
- Fotografias de Carol Armstrong - Bodies of Water
liquidez e concreto
Inspiração para minha janela; pelo buraco da fechadura vejo uma mulher, paredes de concreto e uma infiltração-fonte de água. Que a água alague tudo, vou inundar a casa.
Conto nº204
Moradas do Ser - Marina Colassanti
"A nascente apareceu repentina ao pé da cama. Irritou-se a príncipio, tanta água estragando o sinteco. Nem identificou a poça, constante apesar de panos e baldes.
Logo teve que se convencer. Água surgia do cimento, taco, sem que cano algum passasse pela vizinhança. Era a benção de uma fonte.
Banhou-se então seguidas vezes na água milagrosa. Ao entardecer despia-se, levantava a água nas mãos em concha e a despejava sobre seu corpo. Não tornava a vestir-se. Deitava nua na cama, lavadas as carnes, preciosa a pele. E com mãos suaves alisava o corpo santo, acariciava-se em redescoberta do amor. Suspirosa adormecia seu sono de festa. Aumentando a água, infiltrou porém o teto do vizinho. Que houve por bem reclamar com porteiro síndico polícia, comparecendo o bombeiro a mando da lei para, cimento e brocas, acabar com o estranho surgimento.
Ao entardecer brilha seco o sinteco. Mas do umbigo, fresca e clara, água brota alagando o ventre, lavando as carnes brancas sobre a cama."
Waiting-Esperando
single
feather
caught
between
2 stones
beckoning
it
waits
for
release
and
I
am
waiting
also.
-Daniel Rosenkrantz
Traducao:
Esperando
uma única pena presa entre duas pedras
acenando, ela aguarda liberdade
e eu estou esperando também.