segunda-feira, 5 de abril de 2010

Após tempos deincomunicabilidade...

Meus caros, queridos e "fofos" impistas,
venho aqui trazer-lhes dois poemas do nosso Carlos Drummond de Andrade, quando me deparo com a postagem da "Thá" sobre o outro e percebo o quanto somos, mesmo distante, "sincrônicos". Trago aqui um dos poemas com o título O Outro, que me remete justamente aos exercícios que fizemos (tirando o do último encontro que eu não fui, mas o Gabs me explicou o que foi feito), e de alguma forma complementa a postagem anterior =)
Enfim, coloco aqui então dois poemas que de alguma forma me remetem ao que descubro pelo IMP.

Ausência

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

O Outro

"Como decifrar pictogramas de há dez mil anos
se nem sei decifrar
minha escrita interior?

Interrogo signos dúbios
e suas variações caleidoscópicas
a cada segundo de observação.

A verdade essencial
é o desconhecido que me habita
e a cada amanhecer me dá um soco.

Por ele sou também observado
com irônia, desprezo, incompreensão.
E assim vivemos, se ao confronto se chamar viver,
unidos, impossibilitados de desligamento,
acomodados, adversos,
roídos de infernal curiosidade."

Gente esses poemas estão em um livro do Carlos Drummond chamado "Corpo" quem quiser ler eu empresto, tem coisas muito legais =)

Beijos saudosos em cada um! (com um leve toque de brigadeiro)
Até sexta :)

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