sexta-feira, 30 de abril de 2010
Sobre o fim do mundo ou até onde continuo
Mais do que “conectados com as informações do mundo”, eu diria que estamos – e já me insiro aqui – apanhando o mesmo movimento dos vários que há no mundo, até porque não acredito que isso seja informação, é movimento... e movimento que é movimento continua, gera mais movimento.
O movimento está em tudo.
É mesmo muito interessante a frase da Helena Katz. Mas reflito em cima dela, até porque meu corpo me diz coisas sobre isso, pois está vivo. A Katz diz que a qualidade do movimento morre assim que nasce... eu ainda colocaria mais lenha na fogueira, quando vamos para o espaço dançar, nos propomos dançar e fazer um movimento, pode ser muito simples, se depois que fizermos tal movimento perguntarmos a nós próprios se fizemos aquilo que queríamos fazer, sabemos que o movimento que sentíamos não corresponde proporcionalmente ao que se passou no exterior, na qualidade do corpo... como apanhar o movimento?
Para mim é muito claro que quem morre é quem quer apanhar o tal movimento, captar tamanha vibração-trepidação, dimensioná-la no corpo num tempo e espaço... que cruel!!! Movimento que é movimento movimenta, e continua movimentando... não para em formas e predicados.
Então qual seria a dança justa? Qual seria a dança possível?
Para mim essas são perguntas me ajudam não restringir a dança a predicados e formas que só tem a ver minhas vontades de captar-capturar movimentos. Até onde dimensiono a dança? Até onde considero o(s) movimento(s)?
Essas são questões fresquinhas, e é muito bom ter esse espaço para compartilhar, tenho mesmo estado à volta desses movimentos, tenho afinado minha freqüência nessa linha. O curioso é que de tanto trabalhar nisso, descubro que continuo num movimento até onde ainda posso perceber os meus próprios contornos, quando não consigo mais alterar as escalas do ser pessoa que sou, morro, ou melhor continuo, só que num movimento de repuxo de maré baixa, no movimento da recuo ou volta.
É sobre avançar e recuar... avançar e recuar: pá pá – tum – pá pá – tum... em compassos ternários. É uma valsa. É uma dança que não morre, pois se eu não posso continuar a dançar o compasso pulsa e alguém há de apanhá-lo, por mais um tempo, aqui ou acolá.
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Desculpem, mas ainda nao sei escrever textos curtos! A foto é de um trabalho feito aqui em Lisboa durante a formação do c.e.m - centro em movimento. bjo a todos, é muito bom estar com vocês!!!
ResponderExcluirOba, seja muito bem vindo meu amor. Que maravilhoso abrir o blog e me deparar com uma postagem sua. Sempre tão questionador ... é isso que o faz tão especial. Pensei tanto no que disse e sinto, digo sinto hoje, que a morte da Helena é quase como a desaparecência do Gil. O rastro do que movo, o negativo da minha dança, as impressões que deixo no ar são minhas pequenas mortes que também são movimento. Elas desdobram caminhos infinitos no espaço-tempo das possibilidades para que eu possa renascer a cada instante. Na verdade eu sinto, digo sinto hoje, que o paradoxo morte/nascimento é movimento. Os dois substantivos talvez estejam mesmo juntos na mesma ação de estar. É pulsar. Por mais efêmero que seja, é infinitamente duradouro.
ResponderExcluirQue delícia! Beijos com todo meu amor ...