segunda-feira, 5 de abril de 2010
Eu, vendo
"Não pude ver muito de Silvia, o fogo iluminava violentamente um dos lados da barraca e ela estava acocorada ali, ao lado de Renaud, limpando seu rosto com um lenço ou um pano; vi suas coxas bronzeadas, umas coxas leves e ao mesmo tempo definidas, como o estilo de Francis Ponge de quem Borel me falava, as panturrilhas ficaram na sombra assim como o torso e a cara, mas de repente a cabeleira brilhava com as piruetas das chamas, um cabelo também de ouro velho, toda Silvia parecia entonada de fogo (...)."
O que eu vejo através do meu corpo? E o que pode ser visto através dele? Ver, olhar, apreender e então (tentar) descrever o corpo do outro me mostrou um enorme desafio de sim tentar descobrir do que - e como - é feito o meu. O que se esconde debaixo da mão suave? Carne, músculo, gordura. Preenche, me dá volume e me movimenta. Um corpo, uma massa. As coxas leves e as panturrilhas definidas são feitas da mesma coisa, do mesmo pedaço de Silvia.
Silvia está no livro "Último Round, Júlio Cortázar. As imagens de anatomia foram captadas do vídeo "Abenteuer Anthroposophie", as outras imagens são da Maggie Ann e Corinne Golabek, disponíveis na internet.
Um beijo e até sexta!
Maria
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário